O Zé Coxo era um amigo muito dado e muito conhecido na cidadezinha onde vivia.

— E não só aqui, — dizia ele. — Sou conhecido no mundo todo. Não tem canto onde eu vá que não encontre um conhecido.

Uma vez, o Zé Coxo viajou pela Europa com o António, seu amigo. Para surpresa do António, em todo o lado o Zé Coxo encontrava um conhecido. Um dia chegaram a Roma e foram ao Vaticano. Era dia da bênção do Papa e a Praça de São Pedro estava apinhada de gente.
— Espera aqui que eu vou ver se consigo que o Papa nos receba, — disse o Zé Coxo. E desapareceu.
O António não acreditou, até que, olhando para a varanda onde o Papa falava, viu aparecer o Zé Coxo, que colocou uma mão no ombro do Papa e acenou para a multidão. Na praça, várias pessoas acenaram‑lhe de volta.
— Você conhece aquele homem ali na varanda? — perguntou o António ao homem junto dele, que também tinha acenado.
— Que homem? Aquele velhinho ali junto do Zé Coxo?